segunda-feira, 23 de novembro de 2020

A coisa está branca!

Por Professor Ricardo,

23 de Novembro de 2020

A coisa está Branca

Em 1995 o Instituto Datafolha  realizou uma pesquisa, para identificar a porcentagem do racismo no Brasil.


No período foi identificado números alarmantes:

90% dos brasileiros admitiam o racismo. 

96% dos brasileiros, se declararam não ser racista.

Um país que declarava em 90% existir racismo, contra 96% que se declarava, não racista. 


Os números não batem, pois demonstram uma incompatibilidade, um estado que em sua maioria, acredita existir racismo, contra uma mesma maioria que diz não ser racista.


Dados do IBGE e IPEA de 2005 a 2015

54% da população é negra

71% dos homicídios de mulheres, são de mulheres Pretas

Jovens Pretos são assassinados, 3x mais, do que os jovens brancos.

3 a cada 4 pessoas considerados pobres no Brasil são Pretas(os)..

66,2% das casa nas favelas do Brasil, são chefiados por pessoas pretas(os), contra 33,8% de pessoas brancas.

71,5% dos assassinatos, por ano, no Brasil, são de pessoas preta(os).

O assassinato de pessoas não pretas, diminuiu 6,8% nos 10 anos analisados, em comparação, o assassinato de pessoas pretas(os) aumentou 23,1%.


Após o assassinato do americano Preto, George Floyd, algumas discussões se reacenderam, também no Brasil, sobre o racismo. 


Pesquisa realizada pelo DataPoder360(2020)

76% da população brasileira acreditam existir  racismo no Brasil pela cor da pele

12% acreditam não existir racismo no Brasil pela cor da pele.

12% não sabem ou não quiseram responde.

11% pretendiam participar de manifestações após o assassinato de George Floyd. 

Pessoas que admitem serem racistas, no Brasil, um aumento de 11% a 28% ou seja, um aumento superior a 50%

 Fonte: Data Poder 360


Comparativo dos últimos 25 anos:

No Brasil, 90%(1995) das pessoas acreditavam no racismo, contra 76%(2020), uma diminuição de 14% nas pessoas que acreditam existir racismo. E um aumento de 28% nos últimos 2 anos das pessoas que se declaram racista. 


O professor e coordenador-executivo do Núcleo Negro para a Pesquisa e Extensão da Unesp (Universidade do Estado de São Paulo), Juarez Xavier, houve uma mudança significativa no contexto da luta contra a desigualdade e a questão racial. Segundo ele, em 1995, o Brasil vinha de uma trajetória de abertura do espaço democrático, celebrava o tricentenário da morte de Zumbi dos Palmares. No entanto, o discurso de extrema direita, ainda segundo Juarez, vem ganhando força, tentando minimizar o debate sobre a questão étnico-racial e, parte da juventude, que não viveu o período da ascensão da democracia, pode estar reverberando as vozes antidemocráticas. “A impressão que se tem é que o debate estimulado pela extrema-direita criou esse mecanismo”, disse o professor sobre a redução do percentual dos que acreditam existir racismo e o aumento do percentual dos que hoje se afirmam racistas(Rocha, Igor 2020 apud XAVIER, Juarez 2020).


O racismo é uma herança da escravidão, lembrando que o Brasil, foi um dos últimos países a abolir o comércio dos "Navios Negreiros", o racismo com o passar do tempo, se modernizou e dividiu a sociedade por grupos sociais, através de privilégios, nascimento e assédio moral imposto e impregnado por uma sociedade patriarcal branca. 

Uma narrativa ilusória, de democracia racial, utilizando de estereótipos, que prejudicam a dignidade e saúde mental das pessoas. Criando uma problemática, capaz de gerar conflitos, degradação sexual, piadas racistas, desenvolvendo baixa auto-estima e problemas de aceitação psicológica, e depressão. Por fim, e resumidamente, " racismo estrutural".

Alguns estudiosos vão atribuir estes acontecimentos, a lógica do "viés inconsciente" uma psicologia de controle, que nos leva ao holocausto urbano e a falta de juízo crítico, ativando no lóbulo temporal o termo "Negro(a)" ou "Preto(a)" a coisas hostis, ameaçadoras e criminosas, enquanto com a cor branca é justamente o oposto.

Existe uma estratificação social garantida pelo próprio Estado, é como um sistema "feudal" onde o debaixo nunca sobe, ao contrário, desce cada vez mais, enquanto o de cima, sobe, sempre mais as custas dos que estão abaixo. Em uma sociedade que confunde racismo, discriminação e preconceito, com mal entendido, onde a pirâmide social na verdade é uma "Pirâmide Racial" que mantém o Homem Branco no topo, seguido da Mulher Branca, que abaixo está o Homem Preto e por último, na base desta pirâmide está a Mulher Preta.

Para mudar o racismo é necessário um esforço coletivo, empatia, se conectar e entender o ponto de vista, de quem está historicamente, em uma situação de desprivilégio.

Após 132 anos do suposto fim da escravatura, a população Preta(o), indígenas e não branca, sofre com a escravidão social regada a princípios esdrúxulo e sem sentido. Onde se confunde discriminação com mal entendido.


"Os homens nascem e são iguais perante a lei de direito"(CIDADÃO, Declaração dos Direitos dos Homens, 1789 França). 

"Estabelece direitos ligados pessoa humana como: "à vida, à igualdade, à dignidade, à segurança, à honra, à liberdade e à prosperidade. Estão previstos no artigo 5º e seus incisos" ( Brasileira, Constituição 1988.)



Referências 

http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/

https://www.google.com/amp/s/noticiapreta.com.br/

https://www.ibge.gov.br/

https://www.ipea.gov.br/portal/

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm